Análise - Sonic the Hedgehog 4: Episode 1

Quando eu comecei a usar o novo sistema de análises, decidi não rankear games incompletos por não conterem todo o conteúdo proposto, como é o caso do Sonic 3 e do Sonic & Knuckles. Porém, Sonic the Hedgehog 4: Episode 1 será uma exceção à essa regra, pois, mesmo não estando completo, o game ainda trás um pouco do brilho que havia sido esquecido há 16 anos...





Criado a partir do zero?
Sonic the Hedgehog 4 é um título dividido em epísodios e está sendo comercializado na PlayStation Network, Xbox Live Arcade, WiiWare e App Store. No presente momento, apenas o primeiro episódio está disponível. Como o próprio título insinua, Sonic 4 é a continuação da saga clássica, que parou em Sonic & Knuckles, mas, apesar disso, o enredo é praticamente o mesmo do primeiro game da série. O gênio do mal, Dr. Eggman, não irá desistir por nada de criar a Eggmanland. Ele transformou os animais em robôs e está a procurar das lendárias Esmeraldas do Caos. E como sempre, Sonic está lá para impedir os planos do vilão.

Olhando o Sonic 4 como um fã veterano, é fácil notar que o jogo recicla bastante o conteúdo dos clássicos. Porém, se ele é assim, existe um bom motivo: ele renasce o sentimento dos clássicos, mas de um forma moderna. A velocidade misturada com plataforma está de volta com novos elementos nas fases e no estilo como um todo. Começando com a "nova" habilidade do Sonic: o homming attack. Quando você pula próximo de um badnik, um monitor, um botão ou qualquer outro objeto interativo no cenário, uma mira irá travar nele; aperte o botão de pulo novamente para Sonic voar na direção do alvo. O ataque pode ser feito em sequencias e, no caso de badniks, quanto mais hits você der, a pontuação ganha será ampliada, podendo ganhar de 100 até 1600 pontos por hit. O legal do homming attack aqui é que ele foi feito principalmente para golpear filas de badniks e com eles encontrar novos caminhos alternativos nas fases.




Existem quatro zonas no primeiro episódio. Tomando como base o primeiro jogo da série, cada zona é dividida em três atos, sendo que o chefe recebe uma fase própria. O interessante é que cada ato recebeu um nome, como se estivessem dividindo uma peça de teatro. Temos a Splash Hill Zone, com muitas colinas com trechos de cachoeiras e um ato monstrando o pôr do sol; a Casino Street Zone, uma cidade noturna com luzes em neon e areas com jogos de poker e pimball; a Lost Labyrinth Zone, um labirinto escuro cheio de armadilhas e com partes submersas; e a Mad Gear Zone, uma base secreta lotada de máquinas e engrenagens gigantes. Nesse game, você acessa as fase pelo World Map, um simples mapa onde você escolhe a zona e o ato que quer jogar. O chefe de cada zona fica disponível ao passar pelos três atos. Derrotando todos os chefes, a última zona do jogo é revelada: E.G.G. Station Zone, uma estação espacial de ato único onde você enfrenta todos os chefes anteriores e mais o Final Boss. Os Special Stages retornaram com o mesmo modelo do Sonic 1: um labirinto rotatório onde você precisa encontrar a Esmeralda do Caos. Porém, em vez de controlar o Sonic, você rotaciona o próprio cenário, o que deixam as coisas ainda mais difíceis, e agora você encontrará paredes onde é preciso uma certa quantidade de anéis para serem abertas.

Algo bem esquisito foi adicionado no jogo: agora você pode escolher qualquer fase do jogo em qualquer momento. O World Map fica acessível desde o começo do jogo, tais como todos os atos e os Special Stages que você já completou. O jogo é bem customizável, mas para aqueles que gostam de jogar fase-a-fase basta apertar o botão de "Play the next act" para seguir a sequência original ("Y" no Xbox 360, "triângulo" no PS3 e "A" no Wii), que aparece no final de cada fase na contagem de pontos. Foi uma boa sacada colocar essas opções, pois isso satisfaz até mesmo os fãs mais classicistas. Outra adição ao título são as leaderboards, onde você posta seus recordes do Time Attack ou seus Scores (Score nas leaderboards não é incluso na versão Wii) para competir mundialmente com outros jogadores.

As fases relembram muito as já conhecidas zonas dos clássicos. Todas têm uma fase tomada como base, como é o caso da Splash Hill Zone, que parece uma Green Hill com traços da Emerald Hill. Sem falar nos badniks que são simplesmente os mesmos. Mas todas trazem a sensação de algo moderno, ou melhor, revigorado. Os cenários estão bem coloridos e altamente animados. Casino Street enchem os olhos de quem joga com sua cores e Mad Gear tem um layout nem um pouco estático, todas as máquinas e turbinas se movem enquanto você corre pela fase. No entanto, a animação do Sonic está bastante feia; ela se parece com o Sonic, mas não trazem a mesma personalidade determinada que os outros jogos traziam. A trilha sonora também se inspira no estilo clássico, sendo que todas tem toques 16-bits, dando um clima bem nostalgico ao jogo. Algumas têm o ritmo brilhante das músicas do Sonic 2, como a Sunset Dash, Neon City Adrift in the Night e a trilha inteira da Mad Gear Zone. As outras não possuem tal brilho, mas de uma forma geral todas se encaixam no clima da fase.




Ótimas mecânicas, mas física fraca...
De fato, o conteúdo mostrado nas fases não nega a reciclagem. Mas o espírito dos clássicos não foi revigorado por conta disso. Em todas as fases, existem novos elementos que tornam a experiencia mais "degustativa". Algumas dessas novas mecânicas foram tão bem introduzidas que ajudam muito no fator replay que, a propósito, é fortíssimo aqui. As cartas mágicas que formam estradas na Road of Cards são uma bela forma de cortar caminhos na fase em grande estilo e o jogo de poker adicionado nela torna o desafio de ganhar 99 vidas bem mais divertido. Em alguns trechos, aparecem cartas que servem como plataformas e para passar por elas é preciso pular no tempo certo. Na Escape the Cog Trap, você precisa girar as engrenagens para abrir passagens para continuar a fase, o que elimina a horrível sensação de ficar segurando "direita" para passar da fase.

Entretanto, a única coisa mau elaborada no level design são os chefes. Todos são muito simples e fáceis de serem derrotados, devido ao uso do homming attack. O primeiro é uma brisa, o segundo (graças a um rebatedor na parede) pode ser facilmente derrotado. O terceiro e o quarto dão um pouco mais de dificuldade, mas não tornam a experiencia mais atrativa. E para piorar, você terá que enfrentá-los novamente na Final Showdown in Space! Sendo que no último chefe, a dificuldade aumenta drasticamente em comparação aos outros, causando um desequilibrio.

Mas definitivamente a melhor fase do jogo é a World of Darkness. A fase está banhada pela escuridão e para passar por ela, Sonic carregará... uma tocha! A tamanha simplicidade desse elemento causa um impacto tremendo na experiência do jogador. Já é normal não saber o que há pela frente, mas não saber nem o que há ao seu redor deixa a situação mais interessante. Tem ainda blocos de pedra com explosivos que bloqueiam o caminho, tendo que acender o pavio para destruí-las mas tomando cuidado para os destroços não acertarem você. Algumas áreas ainda fazem você parar para pensar em como prosseguir. Sem falar nos trechos com carrinhos de minério. Tantas armadilhas e puzzles criativos criam um clima divertido e desafiador, ótima fase criada pela Sonic Team!




Em meio a tantas fases bem boladas, existe algo que pode causar algumas frustações: a física. Sonic parece está mais lento e pesado. Seu giro está mais fraco que sua corrida, o que, nos clássicos, é exatamente o oposto. A velocidade ainda está presente, mas foi executada de forma extremamente artificial. A forma de como Sonic corre abriu caminho para a existência de certos bugs, como o famoso spider-sonic, o qual o Sonic fica em pé na parede... Mas o real problema da física está em como ela trabalha nas fases. Quando a pessoa não está habituada com a jogabilidade, algumas fases se tornam frustante demais. Um exemplo disso é a Casino Climax: no final da fase, onde tem um canhão e um abismo, se você não segurar "direita", o Sonic pesado irá cair direto para a morte. É facil se acostumar com a jogabilidade, mas isso não esconder esses defeitos e precisam ser corrigidos nos próximos episódios.


Um passo na direção certa
É inegável a falta de polimento na física. Mas vamos ser sinceros: isso realmente estraga a diversão? Não quando você se acostuma com a jogabilidade. E se acostumar com a jogabilidade não demora tanto, basta um pequeno esforço. Não é correto criar uma jogabilidade para alguns e não para todos, mas o que é um game sem desafio? Sonic 4 provou ser um título divertido acima de tudo, apesar de estar um pouco longe de merecer o título que possui. Pode não parecer nem se equiparar aos games de Mega Drive, mas esse título carrega o brilho dos clássicos com pouco esforço e, pelo que estamos presenciando, ainda há muito para ser visto no segundo episódio em diante.

E quanto ao preço, vejamos... um jogo com quatro zonas largas e divertidas, podendo ter acesso a todas elas depois, com leaderboards e seis slots para saves no Wii, muitos archievements na versão Xbox 360 e afins... por 15 dolares? Pela experiência proporcionada, está de bom tamanho. Ele pode ser curto, mas a diversão está presente quase sempre. Sonic the Hedgehog 4: Episode 1 é um título que merece ser apreciado por muitos e definitivamente seu dinheiro será bem gasto. E que venham mais episódios!

2 comentários:

  1. Já zerei esse game no Xbox 360. Esse game é uma OBRA PRIMA!

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  2. Bom, gosto das fases e da jogabilidade, esquecendo a fisica e um pouco dos graficos, está muito bom :i

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