Análise #15: The Stanley Parable



Sinceramente não consegui achar uma imagem que não tivesse algum spoiler do jogo, até porque não soltar spoilers nesta review é praticamente impossível. Porém é meu dever analisar o conteúdo deste jogo, até porque entre todos os membros da Sonic Connection, eu sou o único que pode sair com a sanidade ilesa desta completa loucura (já estou biruta mesmo...o que pior pode me acontecer?). Então sem mais delongas, eis que lhes trago a review do MELHOR JOGO DO ANO, que não é Grand Theft Auto V! A Sonic Connection tem o orgulho de lhes apresentar o "The Stanley Parable" - O Simulador de Caminhada mais falado dos últimos meses. (ou seria simulador de narração? simulador de vida?).


Esta review fica melhor acompanhada da OST #fikdik

"Esta é a história de um homem chamado Stanley. Stanley trabalhava numa megacorporação aonde ele era o empregado nº427. O trabalho do empregado nº427 é simples: uma série de botões irão aparecer em seu monitor, e ele deverá apertar estes botões. Neste visor também aparece quantas vezes ele deve apertar, quanto tempo tem que apertar, e qual a velocidade que deve apertar. Esta é a vida de Stanley, e ele está feliz em ela ser assim. Porém uma coisa muito peculiar aconteceu certo dia. Uma coisa que iria mudar a vida de Stanley para sempre. Um certo dia Stanley percebeu que nenhuma solicitação apareceu em seu monitor. Também não viu seus colegas neste período de tempo. Ninguém ligou para ele, chamou para almoçar, tomar café, para uma reunião, ou pelo menos passou na sala para dizer um oi. Chocado com a revelação, Stanley ficou imobilizado durante um período de tempo. Após começar a recuperar a sensibilidade, Stanley se levantou da mesa e se dirige para fora de sua sala."

Um enredo extremamente simples, para uma proposta mais simples ainda, porém inusitada. The Stanley Parable HD Remix é um Horror Game lançado pela Galactic Cafe a partir de uma ideia um tanto estranha: como seria um simulador de narração de história? Essa faísca foi o suficiente para desencadear uma série de pensamentos dentro da mente de Davey Wrenden, que cuminaram no mod de Half-Life de 2011. Nos dias seguintes se iniciaria um trabalho em equipe com William Pugh (um programador viciado em easter eggs), algo que levaria em torno de três anos para enfim lançar o tão aguardado Remix. Mas após esta explicação de como o jogo surgiu, vamos ao que interessa: como é que este simulador de narrativa funciona?

A mecânica do jogo lembra bastante Portal 2 em sua variação de comandos, já que tudo que pode fazer é andar e clicar (saltar foi desabilitado). Com isso nos deixa bem limitado em nossas ações, porém a proposta de The Stanley Parable, aliado com as atividades que o jogo nos fornece, não precisa de outros botões além do WASD + LM. Na verdade, permitir a presença de outras teclas somente iria retirar o foco do jogo, e deixar o mesmo demasiadamente confuso e chato. O que nos leva a um outro ponto interessante: The Stanley Parable não te explica nada sobre a mecânica durante o jogo: ele espera que você já tenha alguma familiaridade com jogos da modalidade Primeira Pessoa.

Se você for nas opções poderá ver as teclas sem nenhum problema, porém o famoso modo tutorial que cansamos de ver nos jogos da nova geração não está presente aqui. E justamente esta falta de instruções que farão você seguir o Narrador instintivamente. Mas o objetivo de "The Stanley Parable" não é obrigar você a seguir uma pessoa, por mais que ela diga que segui-la é o correto. O jogo espera que você pense fora da caixa, e ele está preparado para o que quer que você tente fazer. O jogo irá reagir para se proteger contra seus abusos, fará o possível e o impossível para impedir que você fuja da rotina principal que é sair do prédio.

O medo do desconhecido fará você seguir o narrador, e seguir o narrador lhe dará uma falsa sensação de completar o jogo. E isso é o suficiente para milhares de jogadores saírem de The Stanley Parable depois de 5 minutos. Mas os que ficarem serão aqueles que foram tocados pela curiosidade de buscar outras soluções, outros caminhos, outros segredos. E é aqui que The Stanley Parable brilha, nos entregando um show de piadas a nível de O Guia do Mochileiro das Galáxias e Monty Python. Os fans de humor britânico se sentirão em casa quando começarem a realmente explorar o jogo, isso caso consigam achar os Easter Eggs. Alguns até existem dicas, como no caso dos Achievements, porém existe uma infinidade de segredos escondidos em locais que você nunca iria imaginar (Mind Control Facility?), tornando um jogo que pode ser finalizado em 5 minutos numa experiência que pode levar até meses para ser concluído, tudo isso sem perder nunca o fator diversão.
Promessa cumprida! O jogo só tem esta textura.

Mas para um jogo, na qual você não tem objetivo, se tornar tão cativante é preciso mais fatores além de um sistema de múltiplas escolhas. Apesar de serem poucas, The Stanley Parable tem uma das melhores trilhas sonoras deste ano, tudo graças ao trabalho de Blake Robinson (Chrono Trigger, Metroid e Banjo-Kazooie Symphony), que cuidou da parte sonora do jogo. Impossível não perceber que o jogo tem uma enorme semelhança com Shadow of the Colossus, talvez não pelo fator da solidão, mas sim pela disponibilização das músicas. Diversas faixas de áudio estão presentes, porém você só terá acesso a elas caso o momento necessite de uma música para criar o clima. Entre elas gostaria de destacar "Introducing Stanley" (remix da música Dead Already, do filme Beleza Americana), "Following Stanley" (The Stanley Parable Adventure Line™), e a badalada "Who Like to Party", de Kevin Macleod (SECRETS FOR PRESIDENT!).

As dublagens...desculpe, a dublagem ficou ao cargo de Kevan Brighting, que faz o papel da única entidade que fala no jogo: O Narrador. E diferente das músicas, Kevan teve que deixar preparado um batalhão de falas, já que os jogadores não esperam interação com o level desing. O que eles querem é que o narrador fale algo, critique, implore, chore, aconselhe, elogie, e te critique novamente, pois querendo ou não esta é a sua recompensa pelas suas ações. Dependendo do gamer, pode ser uma recompensa muito fraca, porém para mim ela vale mais que qualquer item do Daedric Set.

Refletindo The Stanley Parable

Pensando bem, o jogo não é completamente sem nexo. Até o nome já indica que existe uma lição de moral por trás de cada ato, caso contrário não se chamaria "A Parábola de Stanley". Basta você refletir bem ao término de cada história do jogo o que você viu e o que aquilo significa. Mas uma mensagem a equipe sempre nos passará, não importa a parábola que seja da vez: "Não importa o quanto lute, o quanto negue, o quanto se esconda, você não está mudando a história. Na realidade, você sempre esteve apertando botões em toda a sua vida, até mesmo naquele momento em que você achou ter salvado o mundo".


Conclusão

Provavelmente já deve ter percebido, mas até o momento todas as imagens postadas são na realidade prints não relacionados ao conteúdo final. Me esforcei para evitar o spoiler, por mais que fosse inevitável lhe mostrar o porque deveria jogar The Stanley Parable sem te contar como The Stanley Parable funciona. Se tem dúvidas se deve ou não jogar, caso minha review não tenha sido o suficiente para mudar sua visão, então dê uma chance a demo: é gratuita e se trata de um jogo completo não relacionado ao conteúdo final. Então você também não terá spoilers, ao mesmo tempo que tem a mesma experiência que aqueles que adquiriram o jogo.

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