Crunchyroll - A ultima resistência contra a pirataria dos animes no Brasil


Já ouviram falar da Locomotion, Toonami, e Fox Kids? Levante a mão aquele que não sente falta daqueles bons tempos, aonde assistíamos Yu-yu Hakusho, Neon Genesis Evangelion, Inuyasha, Card Captors Sakura, Medabots, Dragon Ball Z, entre outras grandes séries que marcaram nossa infância. Quando crianças, tinhamos diversas escolhas para assistir animações japonesas, desde os inclusos nos pacotes da TV paga, como em canais de TV gratuitos. Foi nessa época, motivado por nosso amor a cultura nipônica, que conhecemos o maior mal de um mercado emergente: a pirataria. Naquela época nunca imaginaríamos que comprar uma simples fita cacete recheada de episódios de Platabor causaria tantos estragos no futuro. E hoje, 13 anos depois, vivenciando o resultados de uma guerra entre os Fansubs e as animadoras japonesas, aonde um nos apresentava grandes séries animadas, e o outro grupo nos apresentava de forma gratuita o mesmo conteúdo de seu adversário. Provavelmente você deve estar se perguntando: quem venceu a guerra? É só olhar a sua volta que terá sua resposta.

Concordo que chega a ser ridículo a ideia de pagar para assistir algo que se pode ver de graça na mesma qualidade. Mas é pagando o preço do produto que ajudamos as empresas a continuarem produzindo conteúdo para nós. E foi assim, no meio deste debate, que a fandom brasileira se dividiu, e a campanha contra a pirataria ganhou forças. O primeiro a se fortalecer foi os mangás, que atualmente podem ser encontrados em qualquer banca, coisa que há dois anos atrás era impossível. E, mais recentemente, os canais de animes se mostraram novamente um mercado rentável a ponto da Sony Spin(anteriormente Animax) voltar a trás e comprar os direitos de licença para exibição de Fullmetal Alchemist: Brotherhood! 

O ato da Sony Spin foi o primeiro passo para algo maior! Um plano que havia sido arquitetado pela JBC, em conjunto com um grupo de streaming simulcast internacional, que abriria portas para um retorno das animações traduzidas em português, e que você poderia ter acesso quando quisesse sem ser considerado um criminoso! É isso mesmo! A Sonic Connection tem o orgulho de apresentar uma review sobre a Crunchyroll, e o que achamos de utilizar o serviço durante estes 6 meses de vida.

O que é o Crunchyroll?

Fundado em 2006, o Crunchyroll nasceu como o que chamamos popularmente de fansub, oferecendo de forma ilegal animações japonesas legendadas em sua língua de origem, o inglês. O grupo norte-americano já recebeu pedidos de remoção de conteúdo protegido por direitos autorais, e a mesma o fazia. Foi daí que eles tomaram a iniciativa de adquirir os direitos dos programas japoneses, formando parcerias com a Gonzo e a TV Tokyo, com a qual adquiriu os direitos de exibir em seu site os episódios de Naruto Shippuden, iniciando seu serviço de streaming apenas com franquias licensiadas.

Hoje, o site americano possui mais de centenas de títulos licenciados, incluindo animes, mangás e doramas. O serviço do Crunchyroll cresceu exponencialmente, alcançando outras regiões do mundo. A que estamos nos referindo é justamente o nosso país amado, o Brasil! Em novembro de 2012, o site iniciou oficialmente sua distribuição digital de conteúdo em terras tupiniquins.

A proposta do serviço é o sonho de vários fãs brasileiros de animações japonesas: oferecer produções asiáticas de forma legalizada através de streaming. O Chunchyroll adquire os direitos de exibição (e não os direitos autorais) e oferece a tradução em legendas para o português do Brasil. O site necessita de registro para ter acesso ao conteúdo, podendo ser assinante gratuito ou premium. A assinatura premium traz tudo o que o site oferece: animes e doramas com qualidade HD (ou FullHD, em alguns casos) sem limite de visualização, suporte a legendas em português do Brasil e outra línguas, atendimento rápido e a principal atração do serviço: a transmissão simultânea, que é quando os animes chegam ao Crunchyroll no mesmo dia em que são exibidos no Japão. A assinatura gratuita possui uma série de limitações, como atraso de uma semana nas exibições de animes atuais, qualidade SD, propagandas e limitação ao acervo do site.

O serviço também está disponível para execução em outros aparelhos além do computador. Hoje, é possível assistir os animes direto de smartphone, seja movido a Android, iOS ou Windows Phone, ao Samsung TV, ao  Google TV, ao Panasonic TV, ao dispositivo Roku e outros. O Playstation 3 e o Xbox 360 já possuem aplicações do Chunchyroll disponíveis em suas redes brasileiras e provavelmente chegarão aos consoles da oitava geração (WiiU, Playstation 4 e Xbox Infinity). Fora isso, o site forma também uma comunidade entre os usuários, participação de fóruns e sistemas de avaliação.

Nossa opinião sobre o serviço

Quando a Crunchyroll Brasil foi anunciada, muitas pessoas colocaram o pé para trás, pois tinham medo de ser um serviço furado e passageiro. Outros resolveram se arriscar no uso, e alguns deles com certeza saíram daqui. Se alguém ainda se lembra, a Sonic Connection já forneceu o serviço de encoder, e se bem se lembram o maior motivo de esta área ter sido eliminada do blog foi justamente porque resolvemos apoiar abertamente a inciativa da Crunchyroll. Então, para não sermos hipócritas, pagamos pelo serviço e utilizamos durante este tempo todo.

Definitivamente não nos arrependemos de gastar 10 reais por mês. Em primeiro lugar, graças ao simulcast pude acompanhar diversas séries em uma qualidade superior ao oferecido pela Fansubs, e ainda por cima mais cedo que o pessoal que não aderiu ao serviço da Crunchyroll. Outro ponto positivo foi as traduções, que por sinal ficaram muito bem feitas ao adaptar os termos e piadas japonesas para o PT-BR. Não tive muitos problemas com o Full-HD, porém em horários aonde existe uma grande concentração de pessoas na internet o melhor a ser feito é alterar a qualidade para 720p. 

A seis meses atrás o catálogo da Crunchyroll podia ser considerado bom, porém era pequeno e não era muitas pessoas que iriam aderir ao serviço por tão pouco. Porém se você olhar novamente hoje, novas séries são adquiridas mensalmente, porém não é uma ou duas. Tem meses que chegam a ser 10 séries de uma vez, isso quando não estamos perto do início de uma nova temporada de animes. E por ultimo, mas não menos importante: os fans são ouvidos! Foi graças a esse contato do grupo com seus membros que animes como Fate/Zero e Space Brothers puderam vir para o Brasil.

Muitas pessoas criticam este catálogo pequeno que a Crunchyroll tem atualmente, porém devemos lembrar que para as licenças saiam com mais facilidade do que já está saindo, será preciso mais pessoas pagando pelo serviço. O que estamos vivenciando é o mesmo que os Estados Unidos vivenciou no início da Crunchyroll: poucas séries. Atualmente, com uma comunidade sólida e fiel, chegam a ser anunciado 31 séries em um só mês. O Brasil pode chegar nesse ponto, porém tudo depende do que a comunidade pode fazer. O serviço da Crunchyroll não é feito pela JBC, ele é feito por você!

Crunchyroll Vs Pirataria

O maior medo do público brasileiro quando a Crunchyroll chegou no Brasil, foi justamente o fim dos fansubs. Na verdade, com toda a história das leis SOPA e PIPA, o medo da população otaku de não poder ver seus animes foi o que fez muitos aderirem ao serviço da Crunchyroll sem pensar duas vezes. Outros foram mais firmes, e preferiram continuar na ilegalidade. Alguns fansubs realmente pensaram em eliminar alguns animes do seu catálogo porque a Crunchyroll licenciou as séries, porém foi um fracasso total a tentativa. Um bom exemplo disso foi a Punch, que tinha decidido eliminar de seu catálogo Naruto, Sket Dance e Gintama, todas licenciadas pela Crunchyroll, porém no ultimo minuto decidiram manter a tradução, grande parte causada pela revolta de seus membros.

Um dos motivos de ainda afastar o público da Crunchyroll é a ideia de pagar por algo que pode conseguir de graça. É um pensamento que, além de injusto com as produtoras de animes, é incoerente. Existem várias outras atividades que podem ser feitas sem gasto de dinheiro, mas mesmo assim pagam para ter uma otimização de tempo e produtividade (resumindo, deixar as coisas mais rápidas). Aqui no Brasil, dentro do nicho otaku, ainda há aquela imaturidade de não remunerar os responsáveis pelo entretenimento que recebem. Se você paga num restaurante, não é por simples costume ou obrigação e sim porque o pessoal do restaurante trabalhou para que você se alimente, tendo como seu dever, como cliente, remunerá-lo pelo serviço.

Concluindo...

Assim como todo serviço de streaming, o Chunchyroll tem seus problemas com travamento de vez em quando. Pode não ter o mesmo acervo enorme da versão americana. Mas vejam o seguinte: em seis meses de serviço, o Chunchyroll brasileiro possui mais de 70 animes dos mais variados tipos, sempre atuais condizendo com as temporadas do Japão. Para tão pouco tempo, acho que crescimento está melhor do que a encomenda. Agora, não existe crescimento se não houver gente para sustentar. O mercado brasileiro de animes, que era bastante fraco, agora mostra seus sinais de "renascimento". Nós não temos muito o que reclamar do serviço. E você? Tá esperando o que para fazer parte do CR?

3 comentários:

  1. É uma excelente matéria, e em partes eu concordo. É justo e válido receberem pelo anime, e claramente 10 reais por mês é um Valor Aceitável...

    Mas eu tenho duas coisas que acabam me forçando... Eu infelizmente gosto de fazer coleções, seja de parafusos, a papel picado... Não abriria mão do que eu tenho aqui, sendo que quero ter mais... (deve ser algo psicológico isso Haha)

    E também tem o fato deles não possuírem todos os animes, eles tem os principais mas ainda assim, falta isso...

    Mas por eles terem conseguido isso, então é justo que eles mantenham o serviço no Ar e continuem dessa forma. De qualquer forma, parabéns pelo texto Tio Soneca

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  2. Uma solução pras fansubs: a cada temporada diminuem 1 ou 2 animes que são licenciados, ninguém percebe ninguém reclama, e assim vai acabando esse problema da pirataria, exceto pelo fato de que fansub dizendo ser um serviço de fan pra fan sem fins lucrativos, recebem dinheiro de doações que pedem e de propagandas que aparecem no site, de qualquer tipo que seja. Não me importo de fansubs existirem, mas por favor não percam seu tempo pra legendar uma coisa que já pode ser encontrada em nosso território.

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  3. Eu não assisto muito animê (sou mais os clássicos), minha net é uma droga e ainda sou pobre então por enquanto não vou usar o CR, mas um dia assinarei (depois do Netflix).

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