Ah, as histórias em quadrinhos. Modo de entretenimento tão antigo, mas ainda sim, tão incrível e satisfatório. Todos nós, ou pelo menos aqueles de você que viveram nos anos 90 (que eu chamo de anos dourados), já tiveram sua coleção (mesmo que tímida) de HQs.
Quando me pediram para falar sobre as revistas do Sonic há algum tempo atrás, admito que minha reação foi de um certo desdém. Mas, quando eu peguei a primeira, senão a segunda edição e li, fiquei impressionado e sem palavras por alguns instantes. As divertidas histórias, aliadas a um estilo artístico sensacional, mostraram que Sonic the Hedgehog parecia ter sido feito para as Histórias em Quadrinhos. Não tenho medo de dizer que foi a melhor leitura de quadrinhos que tive (sem contar as produções do Maurício de Sousa) em muito tempo.
Os enredos das histórias, geralmente aliados a pegadinhas inteligentes e muitos, mas muitos trocadilhos infames, além de referências a, por exemplo, as Tartarugas Mutantes Ninja (febre daquela época) davam um quê único e divertido aos quadrinhos do ouriço. Admito que fiquei impressionado com a referência a Spawn, que aparece como um robô gigante. Há quem possa dizer que as revistas da primeira temporada lembram muito a famosa Turma da Mônica, e com razão.
O pessoal da Archie Comics (responsáveis pelas revistas) se aproveitou para que pudesse descer a lenha em propagandas dos jogos e merchandising’s do ouriço azul. Não se assuste se ver referências diretas a Sonic Spinball, Sonic the Hedgehog 3 e até mesmo a lancheiras e garrafas térmicas.
Agora, um ponto forte das histórias (da primeira temporada, isto é) é a sua comicidade. Os personagens (especialmente Sonic e Dr. Robotnik) tem falas muito interessantes e, até certo ponto, hilárias, especialmente quando eles fazem referências a outras revistas.
Por ter sido lançada antes de Sonic 3, a revista não podia se limitar somente aos personagens do jogo, pois este só tinha três personagens: Sonic, Tails e Dr. Robotnik. O pessoal da Archie fez uma boa sacada e colocou personagens inéditos, tais como a Princesa Sally, Antonie e Boomer, para servirem de amigos do ouriço. E, nossa, como eles caíram bem. A turma feita para as histórias do ouriço se mostrou muito bem capaz de se manter. Algumas vezes, as histórias focam nesses outros personagens, mas nunca são tão profundas assim.
Agora, algo que pode incomodar alguns dos fãs mais ardorosos de Sonic seria a falta de profundidade e continuidade das histórias. Apesar de as edições serem muito boas por mérito próprio, poucas coisas realmente as ligam (o que me impediu de fazer um resumo, ao invés de uma análise). Dentre essas coisas seria a entrada da personagem Bunnie, ou a súbita alteração do visual da Princesa Sally de uma edição para outra (que se torna uma piada com o recorrer da história). Além disso, as histórias cercam conflitos resolvidos rapidamente (o que, curiosamente, era algo geralmente comum nas revistas da época), e seus personagens ainda eram um tanto superficiais, sem tanto desenvolvimento.
Já o estilo artístico da revista é algo que mudou um pouco durante nessa temporada. O exemplo que melhor destaca isso é a súbita alteração artística da Princesa Sally que, na primeira edição da série limitada (que pretendia ver a reação do público) aparecia com pelo vermelho e cabelos loiros; a partir da segunda edição, ela aparece com pelo cor-de-rosa e cabelos pretos; finalmente, na última edição da temporada (edição 16), ela aparece com um pelo marrom e cabelos ruivos, visual este que seria predominante daí pra frente. Só nesta temporada, Sally serviu como o Michael Jackson da história e teve 3 visuais diferentes. Claro que essas mudanças são incrivelmente visíveis, especialmente a terceira, na qual ela é mais escura. O resto dos personagens mantem seu estilo, sempre com leves alterações.
Interessante também ver que nem os produtores pareciam colocar muita fé no projeto, liberando uma série limitada de quatro edições para ver como seria a reação do público. Por ter sido bem recebida, a série lançou pra valer depois.
Em resumo, a primeira temporada é ótima. Claro, não vai agradar a todos, mas é uma boa pedida, especialmente para os fãs de HQs em geral. Vale a pena dar uma conferida, afinal, Sonic the Hedgehog se mostra quase tão viciante quanto as produções do lendário Maurício de Sousa.
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